Cavaco acusa Alegre de "enganar" os portugueses

<p>Cavaco Silva acusou hoje Manuel Alegre de mentir quando o coloca contra o Estado social e de desconhecer a política externa, enquanto Alegre contrapôs que o Presidente permitiu humilhações no estrangeiro e confunde divergências políticas com insultos.</p>
Publicado a
Atualizado a

O debate entre os candidatos presidenciais Cavaco Silva e Manuel Alegre, na RTP, foi travado em tom tenso praticamente desde o primeiro minuto.

Logo nas suas primeiras palavras, Cavaco Silva queixou-se do candidato apoiado pelo PS e pelo Bloco de Esquerda de, "pelo menos 50 vezes", o ter acusado de destruir o Estado social. "É uma acusação sem fundamento. E eu tenho que demonstrar hoje aqui que ele [Alegre] andou a enganar os portugueses", disse, antes de dizer que o mesmo se passou com os ataques feitos por Alegre em relação ao seu conceito de cooperação estratégica.

Na política externa, o candidato apoiado pelo PSD, CDS e MEP acusou Alegre "de insultar os credores" do Estado Português, companhias de seguro, fundos de pensões, fundos soberanos, bancos internacionais e aforradores do mundo inteiro. "Portanto, eu estou ao lado do Governo na linguagem que utiliza, ao lado do governador do Banco de Portugal e ao lado do dr. Durão Barroso [presidente da Comissão Europeia]", disse Cavaco Silva.

Perante este extenso ataque, Alegre começou por lamentar que Cavaco Silva tenha permitido que em Praga fosse "humilhado" pelo presidente da República Checa Vaclav Klaus, e que na Madeira aceitou não se reunir com os partidos na Assembleia Legislativa Regional, cedendo a Alberto João Jardins.

Alegre lamentou que Cavaco Silva "confunda insulto com crítica política", criticou o Presidente da República por estar em silêncio perante os ataques especulativos dos mercados internacionais e de ser omisso em relação às correntes liberais que defendem o corte dos direitos sociais.

 Outro ponto de ataque de Manuel Alegre foi o de colar Cavaco Silva às posições mais conservadores, dizendo que promulgou com incómodo leis que representaram "progressos civilizacionais" como a do aborto, do divórcio ou da paridade.

Perante as respostas de Manuel Alegre, onde imperaram as críticas sobre o poder desproporcionado dos mercados face aos Estados democráticos, Cavaco Silva voltou à carga sobre o papel do Presidente da República na política externa.

"Não atuarei na política externa como sugere Manuel Alegre, porque isso atingiria a dignidade do Estado Português. Um Presidente da República que se metesse num avião para bater à porta da senhora Merkel [chanceler germânica] ou do senhor Sarkozy [Presidente da França] não seria levado a sério, porque a política externa não se faz aos gritos na praça pública", contrapôs.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt